21 de novembro de 2010


ARCO DA FLORESTA (DURANTE HIATUS)
(JUN/10)

Apesar de não gostar muito da idéia de ir para quarto daquele hotel, apenas concordou por se tratar de uma regra em que todos os estudantes deveriam acatar. Bastante luxuoso, é verdade, condizentes com a vida que Saraiva poderia ter tido lá em Milão, porém não exatamente a vida que ele queria ter, nunca se acostumou ao luxo sempre preferindo a natureza.

Durante a noite acordou de repente, como quem acorda em um sonho daqueles com a sensação de queda. Escuro, pequeno e até em um toque sombrio para ele, o quarto já não parecia mais tão luxuoso e o pouco de conforto e paz que poderia proporcionar estava sendo substituído aos poucos por uma sensação de desespero, começando a ter uma crise de pânico, uma sensação de prisão que para ele era insuportável; no meio de seu surto ao olhar pela janela ele vê uma floresta, sem pensar duas vezes abre a janela do quarto se agarrando em um galho salta para fora dele.

Já fora, torcendo para não ser visto por ninguém, ele começa a correr em direção a floresta, e como correu, de tão angustiado e preso que estava dentro daquele quarto, os passos de sua corrida, velozes e longos pareciam que em nada alteravam seu fôlego pois nem mesmo ofegante estava chegando a floresta com a mesma disposição que havia fugido do hotel.

A floresta apesar de linda, trazendo toda a beleza de uma floresta clássica e típica do clima mediterrâneo, a noite mais parecia mal-assombrada, sombria e sem absolutamente nenhuma luz vindo de dentro, mas isso não foi empecilho para Saraiva, pois apesar de tudo que ela possa transparecer de ruim, na verdade sua essência é ligada a natureza trazendo muito menos medo e pavor do que aquele quarto de hotel havia trazido.

A medida que ia entrando na floresta, em passos curtos e com o olhar inutilizado pela escuridão do local, ele contava apenas com sua percepção, o que sempre foi difícil de acurar do quão aguçada era em relação a natureza e todas as suas variações. Ao chegar em um local de escuridão total ele nada mais fez do que parar.

Estou em casa – Pensou.

Se ajoelhando no local, começou a aguçar sua percepção, fechando os olhos e apenas utilizando seus outros sentidos para reconhecer tudo aquilo que estava a sua volta, o frio aparentemente insuportável, o ringir dos galhos somados com a agitação das folhas, o barulho sombrio criado pelo vendo ao transitar entre as arvores, e o mais lindo de tudo, todo aquele barulho emitido tanto pelas pequenas e mais insignificantes criaturas da floresta, como o barulho de galhos quebrando pelas demais, mas que ainda sim mantinham distancia... E Como já era de se imaginar aos poucos, toda aquela situação o fez aos poucos entrar em estado de transe apenas saboreando o momento e se remetendo a sensação de paz e tranqüilidade que havia atingido no período em que passou “perdido” na floresta do Congo.